As elevadas vendas recentes de obras de arte apresentadas como tokens não fungíveis oferecem a promessa de dinheiro rápido, mas os especialistas alertam que a especulação e a ignorância estão a alimentar apostas cada vez mais arriscadas
Em 11 de março deste ano, num dos leilões mais importantes dos últimos anos, na Christie’s, o artista conhecido como Beeple vendeu a sua obra “First 5000 Days” por 69,3 milhões de dólares. Foi o terceiro preço mais alto jamais alcançado por um artista vivo.
Esta venda foi um marco não tanto pelo preço, mas por ser a primeira vez que uma grande casa de leilões ofereceu uma obra de arte puramente digital que seria paga em criptomoeda e leiloada online. A autenticidade do trabalho de Beeple foi garantida por um token não fungível (NFT), um certificado digital exclusivo que está vinculado a um arquivo.
Num mundo onde tudo pode ser replicado com um simples “copiar” e “colar”, os NFTs conferem exclusividade e autenticidade a uma imagem
Muitos veem estes ativos como uma revolução que mudará o mundo da arte para sempre, enquanto outros denunciam o que veem como uma bolha que vai acabar por estourar.
O valor do mercado de arte digital cresceu 299% no ano passado, de acordo com o Relatório NFT 2020, e isto é apenas a ponta do iceberg.
A especulação já faz parte do negócio da arte muito antes do surgimento dos NFTs. Mas a novidade e o desconhecimento da tecnologia a tornam tudo ainda mais arriscado. A aposta é arriscada porque as tendências do mercado não são impulsionadas por um comportamento relativamente previsível.